Parece o enredo de um filme de terror pouco verossímil.Primeiro,os preços
no mercado internacional despencaram por conta da grande oferta do produto em
outros países,notadamente os da África.A natureza também não colaborou,mandando
poucas chuvas e castigando as plantações com a inclemência do sol.Finalmente,como
golpe de misericórdia,um fungo vindo da Amazônia sabe-se lá de que maneira,conhecido
por“vassoura de bruxa”,apodreceu os frutos e sepultou de vez as esperanças de
produtores descapitalizados,que ainda contavam com o bom humor da bolsa de Nova
York–responsável pela cotação das commodittie–para salvar a própria pele.O
resultado não poderia ser mais desastroso:a queda vertiginosa da safra,associada
à baixa rentabilidade,atolou fazendeiros em dívidas e desempregou centenas de
milhares de trabalhadores.
Outodoor-do Sindicato dos Produtores Rurais de Camacan-,expõe o grito de socorro e pedido de apoio à lavoura do cacau ao presidente da república do Brasil,Jair Messias Bolsonaro.(Imagem captada pelo editor -chefe deste portal de notícias na manhã desta quarta-feira,12,na entrada da cidade de Camacan,sul da Bahia)
Em linhas gerais,essa é a triste
história a que a região cacaueira da Bahia vem assistindo a partir do final dos
anos 80.O Brasil respondia até então pela segunda maior produção mundial,atrás
apenas da Costa do Marfim.Hoje,porém,as 163 mil toneladas colhidas em
2003/2004, que colocam o país na quinta posição,são insuficientes inclusive
para atender a demanda interna.Marcada no imaginário popular por lendas que
retratam o passado de extravagâncias dos ricos e famigerados “coronéis”,imortalizados por Jorge Amado em livros como Terras do Sem Fim e Gabriela,Cravo
e Canela,essa área que abrange quase 90 municípios no sul do estado,e que
abriga aproximadamente 85% de todo o cacau nacional,atualmente luta para
combater a vassoura de bruxa e recuperar o prestígio de tempos atrás.
Até os anos 70–quando a criação do Centro Industrial de Aratu e,
principalmente,a instalação do Pólo Petroquímico de Camaçari diluíram
definitivamente os traços agrícolas da economia baiana–o cacau foi o principal
gerador de divisas do estado,responsável por quase 60% de toda a sua
arrecadação.
“Era um orgulho para o produtor chegar a São Paulo ou ao Rio de Janeiro e
dizer que trabalhava com esse fruto.Mas,depois da vassoura de bruxa,os
cacauicultores viraram motivo de piada.Empobrecemos de uma hora para a outra”,relatou há época Isidoro Gesteira,presidente do Sindicato Rural de Ilhéus.
A doença que ataca as árvores deixando suas folhas com o aspecto de uma
vassoura de bruxa definitivamente redesenhou a paisagem local.Os coronéis que mandavam
e desmandavam são praticamente página virada.“A agricultura familiar hoje
responde pela maior parte da produção”,afirma Gustavo Moura,’’então diretor da Ceplac’’.Além disso, muitos trabalhadores rurais desempregados foram obrigados a buscar
emprego nas cidades,inchando importantes centros de turismo nas redondezas,como
Porto Seguro.Por outro lado,a crise fortaleceu os movimentos que lutam pela
reforma agrária e,em certa medida, democratizou o acesso à terra.Diversos
assentamentos foram criados em lotes abandonados por grandes fazendeiros
falidos.Na opinião de Moura,“a crise também enxugou o perdulário.Só sobraram os
profissionais”.
Histórico
O cacaueiro é uma espécie nativa das florestas tropicais do continente
americano e suas origens são carregadas de mitologia.Para os astecas,tratava-se
de uma árvore sagrada,presente divino enviado à civilização que se desenvolveu
no México.Já naquela época o cacau se destinava à produção de uma espécie
rústica de chocolate–alimento que impressionou os colonizadores espanhóis
pelo seu alto teor energético.Guerreiros astecas atravessavam dias sustentando
seus corpos apenas com as amêndoas daquele fruto.Por esse motivo,ele foi
batizado cientificamente com o nome theobroma cacao,quer dizer,manjar dos deuses.
No Brasil,o berço do cacau foi a região amazônica por conta das altas
temperaturas e das chuvas abundantes,ideais para o crescimento da planta.Mas,em
meados do século 18,a introdução das primeiras sementes no sul da Bahia,oriundas
do Pará,escreveu um novo capítulo na história dessa cultura.São vários os
motivos que explicam seu florescimento na terra de Jorge Amado.Em primeiro
lugar,o clima quente e úmido,bastante similar ao do seu habitat natural,facilitou
o processo de adaptação do cacaueiro,que também precisa da sombra oferecida por
árvores de maior estatura para sobreviver.“Além disso não havia uma economia
desenvolvida naquela região.Faltavam investimentos maciços desde a época das
capitanias hereditárias de Ilhéus e de Porto Seguro”,explica Angelina Garcez,historiadora
da Universidade Federal da Bahia (UFBA).Os engenhos de açúcar não vingaram
naquela parte do estado e,por essa razão,a selva nativa ficou praticamente
intocada,à espera dos desbravadores que,anos depois,derrubariam a vegetação
mais fina para plantar os pés de cacau,resguardados pela proteção da Mata
Atlântica.
“No século 19,houve um grande fluxo de pessoas para lá devido a uma seca
muito forte nos sertões da Bahia e de Sergipe.Os migrantes,pessoas humildes e
semi-analfabetas,traziam primeiro a família nuclear,depois os parentes mais
distantes.O cacau não conheceu a mão de obra escrava por ser uma cultura pobre,de
agricultura familiar em pequenas glebas”, completa Angelina.
A origem simples e a falta de recursos dos primeiros homens que se
aventuraram mato adentro,para formar suas roças,explica uma outra
característica interessante daquela região,visível ainda hoje:o baixo número
de latifúndios.Lá não ocorreu o processo de doação de sesmarias,uma das raízes
da elevada concentração de terras no Brasil. “Além disso,com pequenas áreas já
se tem uma grande produtividade e uma boa rentabilidade.A cultura do cacau não
tem necessidade de grandes glebas.Por outro lado,a concentração fundiária no
sul da Bahia se dá de outra forma:um proprietário pode ter várias fazendas de
porte reduzido”,afirmou há época Fernando Vargens,chefe da unidade de Itabuna
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A partir de 1860,o cacau se converteu em objeto de desejo de fábricas de
chocolate da Europa e dos Estados Unidos.Praticamente toda a safra era
exportada,pois não existia o costume de se consumir o fruto e seus derivados
no país.As primeiras manufaturas nacionais só apareceram na virada do século.É
justamente nesse momento que a cacauicultura viveu seu ápice.O Brasil ocupou o
posto de maior produtor mundial até meados da década de 1920.No mesmo período,a
região sul da Bahia assistiu a uma verdadeira guerra entre os fazendeiros.
Época em que os poderosos coronéis–descendentes daqueles primeiros humildes
desbravadores–não mediam esforços e nem violência para expandir seus negócios
mediante a apropriação de plantações pertencentes a agricultores menos
abastados.“O coronelismo no sul do estado é diferente daquele observado nos
engenhos ou na pecuária dos sertões,que tinham como força motriz o latifúndio.No
caso do cacau,o coronel mais forte era o que produzia mais. Não se comprava
terra,mas pés de cacau”,relata Angelina.
Velhos problemas
É impossível dissociar a palavra“crise”da história do cacau.Como toda
commodittie,ele sempre foi refém do temperamento intempestivo dos mercados
internacionais.O crack da bolsa de Nova York,em 1929, representou o primeiro
golpe na economia agroexportadora da Bahia. Naquela época,os coronéis estavam
em pleno apogeu,até que os problemas internos dos Estados Unidos–então os
maiores importadores das amêndoas brasileiras–desesperaram fazendeiros
acostumados a acender cigarros em notas graúdas de dinheiro.Como medida de
socorro,o governo federal autorizou a criação do Instituto de Cacau do Brasil(ICB),uma espécie de cooperativa que ajudava no financiamento e na comercialização
das safras,dois anos após o incidente que abalou as estruturas
norte-americanas.
Quase trinta anos depois,uma nova queda brusca na cotação do fruto de
ouro da Bahia,motivada pela grande produção internacional,provocou a segunda
grave crise no setor.Mais uma vez o governo saiu em defesa dos cacauicultores.“A Ceplac foi criada inicialmente para fazer o alongamento e repactuar as
dívidas dos produtores,devido à importância da lavoura para a economia do
estado.Durante esse processo,viu-se a necessidade da criação de um órgão para
modernizar e estimular a região cacaueira.Em 1962,surge então,vinculado à
Ceplac, o Centro de Pesquisas do Cacau(Cepec),uma das principais referências
de pesquisa sobre essa cultura no mundo”,comenta Moura.
Mas,sem dúvida nenhuma,a crise que se arrasta dos últimos 20 anos para cá
assumiu as proporções mais catastróficas.O preço da tonelada, que chegou a ser
negociada a US$ 4 mil no final dos anos 70, atingiu o fundo do poço na primeira
metade da década de 90,cotado a US$ 800,o que descapitalizou completamente os
cacauicultores.Para piorar a situação,foi justamente nesse período de forte
retração econômica que a vassoura de bruxa,detectada pela primeira vez em
1989,no município de Uruçuca,manifestou sua capacidade de devastação.Ninguém
sabe ao certo como a doença–que é endêmica na região amazônica– desembarcou
no sul da Bahia.Os esporos do fungo podem ter sido transportados nas idas e
vindas de fazendeiros que também possuíam roças localizadas no norte do país.Há boatos até de uma ação criminosa,com o intuito deliberado de vingança contra
produtores da região.O fato é que em poucos anos a vassoura se espalhou por
quase todas as propriedades,curiosamente seguindo o sentido da BR 101,que
corta a zona cacaueira.
“Não havia tecnologia e nem recursos para tratar a doença.Era muito caro
em função da estrutura regional,baseada na monocultura do cacau. No início,a
única forma de controle era a manual,removendo as partes atacadas das árvores.Mas se um fazendeiro removesse,e o seu vizinho não fizesse a mesma coisa,não
adiantava”,avalia o sociólogo Salvador Trevisan,professor da Universidade
Estadual Santa Cruz(UESC).O preço dos imóveis rurais também despencou.“Uma
fazenda de 150 hectares pela qual o meu avô havia pago US$ 800 mil não valia R$
150 mil depois da disseminação do fungo.Não vendi por esse dinheiro porque
achava uma loucura.Apesar da crise,sempre acreditei no cacau”,conta
Gesteira.
Em 1995,para acalmar os nervos dos produtores,o Governo Federal lançou o
Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira Baiana,com recursos endereçados
ao combate da vassoura de bruxa, dividido em quatro etapas.Em cada uma delas,cacauicultores de todos os portes deveriam elaborar um projeto para combater a
doença em suas roças, feito com o auxílio dos profissionais da Ceplac,e cujo
financiamento seria analisado pelas instituições financeiras oficiais
autorizadas a liberar o dinheiro.Ao todo nesses quatro momentos,cerca de dez
mil projetos foram aprovados pelo Banco do Brasil,que desembolsou R$ 228
milhões.Os grandes,que respondem por apenas 310 pedidos,ficaram com mais de
20% dos recursos.
A vassoura de bruxa só começou a ser efetivamente domada nas duas últimas
etapas,com o investimento na técnica de clonagem que,na verdade,não passa de
um simples processo de enxertia de hastes de árvores resistentes à doença em
plantas vulneráveis aos ataques do fungo.Entretanto,a meta de clonar 300 mil
hectares de plantação,metade da área total de cacau no sul da Bahia,não foi
alcançada.A Ceplac estima que 50% da proposta inicial tenha sido cumprida.
Com o vencimento das primeiras parcelas dos recursos emprestados, os
cacauicultores–principalmente os de maior envergadura–vêm renegociando na
capital federal os prazos para o pagamento de suas dívidas.Eles alegam que não
houve tempo suficiente para a produção recuperar o vigor e,por esse motivo,ainda não têm condições de quitar seus débitos.“Essa história é velha.Eles
sempre chegam a um ponto em que não conseguem pagar e aí negociam com o
governo,que dá o perdão.Um benefício,porém,que só os grandes conseguem.Os
pequenos nunca são contemplados com esse tipo de medida na agricultura”, afirma
Trevisan.
Crise para uns
Antes de partir para Ilhéus,a fim de modernizar a administração das
fazendas de cacau pertencentes à família de sua esposa,Fernando Botelho
recebeu um revólver do pai que,com a voz embargada pelo choro,só conseguiu dar
um conselho ao filho que se aventuraria naquelas terras repletas de histórias
violentas: “cuide-se”.O avô de sua mulher,coronel Ramiro Aquino,era bastante
conhecido na região e já tinha até sido citado na literatura de Jorge Amado.“Mas ele era tranqüilo.Não tomava terra de ninguém”,assegura Botelho.Nascido
e criado no Rio de Janeiro,com formação em engenharia mecânica,ele tinha planos
de ficar no máximo dois anos no sul da Bahia.Entretanto, tomou gosto pela
cacauicultura e já está há 32 na região.Presidiu o Sindicato Rural de Barro
Preto,município com pouco mais de sete mil habitantes(censo IBGE há época da
reportagem).
Até 1985,Botelho e outros grandes fazendeiros não tinham do que se
queixar.Era prática comum,por exemplo,que fábricas de processamento de
amêndoas pagassem antecipadamente pela produção–como comprar um bezerro na
barriga da mãe.Assim,eles ganhavam fôlego para honrar seus compromissos no
período conhecido como “paradeiro”,reservado à limpeza e manutenção das roças,que vai de janeiro a abril.De maio em diante,nascem frutos dos pés quase que
sem interrupção,mas a safra principal só começa a partir de agosto.“Qualquer
outro produto comparado ao cacau trazia um lucro irrisório.Não havia como
desviar a atenção”,conta Botelho. Contudo,pouco tempo depois ele sentiria no
bolso os riscos implícitos em qualquer atividade de monocultura. Escritórios em
Itabuna,apartamento em Salvador,uma fazenda de gado e outra de cacau.De tudo
isso Botelho foi obrigado a se desfazer quando a crise,comandada pela vassoura
de bruxa, bateu à sua porta.
A produtividade da São José,sua fazenda em Barro Preto,é um bom termômetro
para mensurar o declínio no padrão de vida de produtores de médio e grande
porte,assim como ele,desde a fulminante aparição do fungo.Em 1979,de cada
um dos 212 hectares do imóvel–onde trabalhavam 120 pessoas–saíam quase 65
arrobas de cacau por ano. Hoje,esse índice não chega a sofríveis 20 arrobas,e
a fazenda tem 18 funcionários.Depois de 1985,Botelho foi obrigado a apertar o
cinto e abrir mão de carros do ano e de viagens para o exterior.“Não sei da
vida dos outros, mas deve haver gente que ficou em situação pior”,avalia.
O engenheiro carioca foi um dos cacauicultores contemplados pelo programa
lançado em 1995 pelo Governo Federal.Nas duas primeiras etapas juntas,Botelho
tomou emprestados cerca de R$200 mil.E, somando a terceira e a quarta,o
volume de recursos repassados a ele pelo Banco do Brasil mais do que dobrou.Porém,a pedra no sapato dos produtores são as dívidas referentes justamente às
duas primeiras etapas.As recomendações iniciais dos técnicos da Ceplac para o
combate à vassoura de bruxa,que consistiam basicamente no rebaixamento da copa
dos cacaueiros,não surtiram o resultado desejado.“Quando se cortava a árvore,ela sentia necessidade de se proteger do sol e lançava mais brotos e folhas.Esses tecidos novos são justamente a área onde o fungo mais ataca.Nós estamos
endividados por conta de um dinheiro que não resolveu o problema,e a maioria
das propriedades ficaram hipotecadas.Vamos perdê-las para o Banco do Brasil–que será,finalmente,o único latifundiário da região cacaueira”, indigna-se
Isidoro Gesteira.
Nas terceira e quarta etapas,iniciadas há pouco menos de cinco anos,o
combate à vassoura deu uma guinada de 180 graus com a adoção das técnicas de
clonagem.“O problema é que os galhos enxertados ainda não tiveram tempo hábil
para crescer e produzir.Na minha fazenda,por exemplo,só 20% da produção é de
cacau clonado”,afirma Botelho. “Durante muitos anos,o governo do estado se
encostou na Ceplac,que realizava diversas obras públicas com o nosso dinheiro.Hoje o que é oferecido em retribuição?Uma banana”,desabafa.
Solução para quem?
Maria do Carmo dos Santos,a Carminha,cresceu rodeada por pés de cacau,fazendo a limpeza das roças durante a entressafra,quebrando os frutos que
colhia das árvores,separando as amêndoas da polpa esbranquiçada,pisando as
sementes que secavam nas barcaças.Sua família perambulou por diversas cidades
do sul da Bahia empregada por patrões que,via de regra,nunca respeitaram os
benefícios trabalhistas a que teria direito.A lavoura do cacau,por ser
permanente,absorve uma grande quantidade de mão-de-obra e,no cotidiano de uma
fazenda,tudo é feito pelos braços de homens e mulheres,como há um século.Não
existe espaço para a mecanização e o lombo das mulas ainda é o transporte por
excelência.
Estima-se que 200 mil pessoas tenham perdido seus empregos em decorrência
da mais cruel das crises enfrentadas pela cacauicultura baiana.Além do
previsível êxodo rural,nos últimos quinze anos também se observou uma
crescente organização dos movimentos de luta pela terra.Carminha tentou a
sorte como empregada doméstica,mas o sonho de tocar o próprio lote lhe deu a
motivação necessária para aguentar três anos acampada sob uma lona preta,até
que a fazenda Boa Lembrança,em Itabuna,fosse considerada improdutiva e
desapropriada pelo Incra.Na parte que lhe coube–seis hectares–Carminha
planta mandioca,algumas hortaliças e uma variedade de frutas.Mas só o cacau
ocupa metade da área.Com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar(Pronaf),ela comprou três mil mudas resistentes ao fungo
amazônico,e espera vê-las produzindo daqui a poucos anos.
“A vassoura de bruxa é a madrinha da reforma agrária aqui na região”,define
Júlia Oliveira,coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura
(Fetag-BA).Prova disso é que,dos 113 assentamentos localizados naquela área,onde residem aproximadamente seis mil famílias,a esmagadora maioria foi criada
na década de 90 em grandes fazendas abandonadas por proprietários
descapitalizados.Justamente porque o principal gasto para fazer a manutenção
de uma roça de cacau e,conseqüentemente,o melhor remédio para combater a
vassoura,ainda é a mão-de-obra.Mas isso os assentados têm de sobra.“A
agricultura familiar tem tudo para fazer com que a cacauicultura possa se
reerguer numa outra base econômica”, analisa Fernando Vargens,(HÁ ÉPOCA)do Incra.
Além do pagamento da dívida com os historicamente explorados
trabalhadores rurais,apesar de oito mil famílias ainda aguardarem pelo lento e
burocrático processo de desapropriação de fazendas pelo governo,no sul da
Bahia,as autoridades precisam encarar de frente outros dois grandes desafios:a recuperação e a diversificação da produção.“Com o cacau não existe
‘embeleco’”,explica Roque Coutinho, um dos agricultores do assentamento Nova
Vitória,em Ilhéus.Ele quer dizer que,com um punhado de amêndoas no bolso ou
um caminhão transbordando de sacas,é impossível não achar comprador.“E as
fábricas de moagem pagam de imediato.Não é como o boi que o dono leva trinta
dias para receber.Mesmo com toda a crise,a liquidez se manteve”,completa
Isidoro Gesteira.
“A lavoura do cacau perdeu sua importância econômica,mas ela tem um papel
muito relevante para a geração de emprego e para a preservação da Mata
Atlântica”,pondera Gustavo Moura.Esse fruto que moldou a identidade de uma
parte expressiva da Bahia parece ter cumprido sua função histórica como
importante commodittie e,há quase duas décadas,a economia da região sul do
estado atravessa as turbulências que todo sistema baseado na monocultura de
exportação está fadado a enfrentar.Porém,de trabalhadores que se
transformaram em sem-terra a grandes produtores que ainda resistem à forca das
dívidas,todos clamam por uma merecida atenção do governo.Resta saber de que
maneira esse socorro virá e a quem ele irá de fato beneficiar.
Fonte:Ceplac e Cepec
SE VOCÊ tem alguma denúncia ou
algo importante e quer contar pra
todos,colabore com a reportagem do BLOG PAULO JOSÉ e envie seu material para o
e-mail: fvpaulojose@gmail.com
ADICIONE nosso WhatsApp 73 9
9941-5577 Twitter: @oitavamaravilha
0 comentários:
Postar um comentário
Regras do site:
Não serão aceitos comentários que:
1. Sejam agressivos ou ofensivos, mesmo que de um comentarista para outro; ou contenham palavrões, insultos;
2. Não tenham relação com a nota publicada pelo Site.
Atenção: só serão disponibilizados no site os comentários que respeitarem as regras acima expostas.
3.Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog Paulo José.
É LEI NO BRASIL – Todo jornalista tem o direito constitucional de revelar denúncias recebidas de fontes anônimas e manter o sigilo sobre elas.