A morte do apresentador de TV
Gugu Liberato,na semana passada,após sofrer um acidente doméstico,causou
comoção em todo o país e reativou o tema“doação de órgãos”.Logo após o
anúncio do falecimento,a família de Gugu comunicou que autorizou a doação de
todos os seus órgãos,para transplantes,beneficiando cerca de 50 pessoas.No
Brasil,segundo o Ministério da Saúde,aproximadamente 40 mil pessoas aguardam
por um transplante.
A coordenadora de transplantes e
médica nefrologista da Fundação Pró-Rim,Dra.Luciane Deboni,explica de forma
didática que transplante é a substituição de um órgão que deixou de funcionar
por outro fornecido de forma voluntária por doador vivo ou falecido.No caso de
doador vivo, só pode ser feita a doação de órgãos pares,como rim e pulmão.
Segundo ela,atualmente é
possível fazer transplantes de vários órgãos como rim,coração,pulmão,fígado
e intestino,que são chamados de órgãos sólidos.Também são feitos transplantes
de tecidos como córnea, medula óssea e pele.
Doação em vida
Com relação a quem pode doar em
vida,ela lembra que a nossa legislação permite que sejam realizados
transplantes com doadores vivos até quarto grau de parentesco.Pela ordem,primeiro grau é entre pai,mãe e filho.Segundo grau irmãos,terceiro tios e
quarto primos.
A legislação brasileira também
permite transplantes inter vivos não consanguíneos,mas afetivamente
relacionados,como cônjuges.
Para doar após a morte,a Dra.Luciane explica que não precisa de nenhum documento expresso.Basta
manifestar a vontade e deixar esse gesto bem claro para os familiares.
Sobre o transplante de rim(sua
especialidade),ela esclarece que não significa cura permanente.Porém,melhora
a qualidade de vida.É uma das opções de tratamento do doente renal crônico,assim como a diálise peritoneal e a hemodiálise.Trata-se de uma terapia renal
substitutiva, ou seja,uma forma de substituir a função do rim.“Por ser um
tratamento,tem os seus cuidados monitorados no pós-transplante ao longo dos
anos,com o uso de medicamentos de forma contínua”,lembra a médica.
Insuficiência renal
Há o momento em que o transplante
se faz necessário.”No caso do rim, é quando a insuficiência renal evolui para
um quadro chamado de insuficiência renal terminal,ou seja,a função renal fica
mais ou menos abaixo de 10%,o que se torna incompatível com a vida”,define a
especialista.
Ela observa que o Brasil tem o
segundo maior programa de transplantes em números absolutos do mundo.Só perde
para os Estados Unidos em números totais e para a Espanha em números relativos,por milhão de habitantes.Além disso,cerca de 90% dos transplantes no Brasil
são custeados pelo Sistema Único de Saúde(SUS),com o acesso garantido a todos
os pacientes.
“Da mesma forma,neste programa
de transplante,a medicação que o paciente vai usar de forma contínua,também é
fornecida pelo SUS,sem limite de prazo para este fornecimento”, detalha a
nefrologista
Autorização da família
A Legislação regulamenta que a
distribuição de órgãos dos“doadores falecidos”(doação tem que ser autorizada
pela família de quem sofre morte cerebral),seja direcionada de maneira
igualitária nos pacientes que estão em lista aguardando por um transplante.Essa avaliação é feita através da compatibilidade(HLA)que é um código
genético do receptor.
No momento em que o paciente
entra em lista de espera,esses registros ficam armazenados em um banco de
dados.O próprio sistema computadorizado vai buscar dentro das informações,quais os pacientes com a genética mais semelhante àquele doador em questão.“Portanto, não existe uma fila fixa de espera para o transplante.Independente
do tempo de cadastro,qualquer paciente pode ser o próximo a receber o órgão.Tudo
depende da compatibilidade”,exemplifica a Dra.Luciane Deboni.
Sobre a Fundação Pró-Rim:
A Pró-Rim é uma instituição
filantrópica,que realiza o atendimento e tratamento dos pacientes renais
crônicos via Sistema Único de Saúde–SUS.Para garantir um tratamento de
qualidade, seguro e humanizado,a instituição conta com a contribuição da comunidade
há mais de 30 anos. Atualmente,a instituição possui unidades nas cidades de
Joinville,São Bento do Sul e Balneário Camboriú em Santa Catarina,e as
unidades de Tocantins,localizadas na capital Palmas e em Gurupi.Atende mais
de 800 pacientes em hemodiálise e já ultrapassou o número de 1.700 transplantes
renais.
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