Muita gente sabe que quando um
câncer é diagnosticado precocemente, as chances de cura são maiores. Mesmo
assim, a maioria dos homens continua negligenciando o cuidado com a saúde, já
que, apesar das inúmeras campanhas, insiste em manter um estilo de vida pouco
saudável e só visita o médico quando as dores aparecem. Para alertá-los a
respeito dos riscos dessa atitude, diversas unidades e serviços de saúde
realizam ações de conscientização ao longo deste mês, sob o mote da campanha
“Novembro Azul”.Durante este período, fala-se bastante em diagnóstico, mas
pouco em tratamento do câncer de próstata.
Abordar a importância do
diagnóstico precoce da doença é fundamental porque, em geral, os homens só
buscam um médico quando surgem sintomas. Contudo, como a ausência de sinais é
uma característica do câncer de próstata, essa atitude pode representar um grande
risco, já que quando eles aparecem, a doença costuma estar avançada e a cura já
se torna mais difícil. Por isso, é importante estimular o rastreio para
diagnóstico precoce através dos exames de toque retal e coleta de PSA, que
devem ser realizados anualmente por homens a partir dos 50 anos ou dos 45, se
afrodescendentes ou com histórico familiar da doença.De acordo com o Urologista
Nilo Jorge Leão (CREMEB 22.237), já que um em cada nove homens são
diagnosticados com a doença no Brasil, é importante que a população conheça as
possibilidades de tratamento disponíveis, tanto no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) quanto em unidades de saúde que atendem por convênios ou
particular. “Para tratar os tumores mais avançados, em muitos casos, é preciso remover
a próstata ou partes do órgão. Pode-se fazer isso através da cirurgia aberta
convencional, mas a prostatectomia laparoscópica, uma cirurgia minimamente
invasiva que agrega vantagens para o pacientes, já é oferecido como rotina,
inclusive pelo SUS em Salvador”, destaca o médico, que é coordenador do Núcleo
de Uro-oncologia das Obras Sociais Irmã Dulce, sócio da Uroclínica da Bahia e
preceptor do Núcleo de Urologia do Hospital São Rafael.
Avanços no tratamento-A prostatectomia realizada por videolaparoscopia é realizada sob anestesia
geral e dura cerca de uma hora apenas. Na cirurgia aberta, este tempo é de duas
a três horas. Pacientes submetidos à técnica, geralmente, recebem alta após uma
ou no máximo duas noites (no procedimento convencional, a média é de três dias
de internamento).A sonda vesical colocada no paciente através da uretra para
saída da urina é dispensada com mais rapidez, em cerca de uma semana. “Além do
menor período de hospitalização e do retorno mais rápido dos pacientes às suas
atividades rotineiras, outras grandes vantagens da vídeo-cirurgia são o menor
índice de infecção e a redução da dor pós-operatória e do sangramento”, frisa
Nilo Jorge.Outra inovação no tratamento do câncer de próstata é a cirurgia
robótica. A plataforma para realização desse tipo de procedimento ainda não
chegou à Bahia, mas sua chegada ao estado está prevista para 2019, quando deve
chegar primeiro ao Hospital São Rafael. Atualmente, os pacientes da rede
privada de saúde na Bahia que optam pelo procedimento precisam se deslocar para
outros estados do Brasil. “Eu costumo viajar a São Paulo para realizar a
cirurgia robótica. Após o procedimento, continuo acompanhando o paciente em
Salvador mesmo”, conta o especialista em cirurgias laparoscópica e robótica,
Nilo Jorge Leão. O médico conta que para os pacientes da rede SUS, devido à
carência de recursos, não há expectativa para acesso à cirurgia robótica em
curto prazo. “Contudo, a vídeo-cirurgia de rotina que já realizamos em
hospitais de Salvador, inclusive pelo SUS, em Salvador não deixa a desejar
quando consideramos os resultados”, completa.
Câncer de próstata - Dentre os
fatores de risco para o câncer de próstata estão o avanço da idade; o histórico
familiar em primeiro grau (pai, irmãos ou filhos) e a cor de pele/etnia (mais
prevalente em negros). Outras associações descritas na literatura são os
hormônios sexuais, o consumo de bebida alcóolica, o tabagismo, os padrões
dietéticos e a obesidade. O aumento observado nas taxas de incidência da doença
no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos
diagnósticos (exames),pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do
país e pelo aumento na expectativa de vida. Alguns tumores podem crescer de
forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A
grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para
atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida do homem.
Dr. Nilo Jorge Leão Barretto – Urologista e Coordenador do
Núcleo de Uro-oncologia das Obras Sociais Irmã Dulce.
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