Receber o diagnóstico de autismo de um filho não é fácil. O
drama na realidade tem início quando a batalha pelo diagnóstico começa. Batalha mesmo! Porque esses pais terão que lutar contra a
desinformação e falta de qualificação dos profissionais da saúde e também
contra as próprias dúvidas e temores em relação ao futuro do filho.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta,
segundo pesquisas norte-americanas, 1 em cada 80 crianças. No Brasil, não temos
dados atualizados sobre isso, mas acredita-se que a proporção seja a mesma.
As variações nas manifestações de comportamentos autistas
são tão amplas que hoje em dia fala-se em transtorno do espectro autista. E
esse espectro vai do nível mais grave (podendo ou não estar associado a atraso
mental) até os níveis mais sutis (quase imperceptíveis).
Portanto, as possibilidades de uma criança diagnosticada com
autismo também são muito variadas.
Com o diagnóstico precoce e as intervenções corretas é
possível que a criança se desenvolva e consiga transitar do espectro grave para
um mais leve, ou até mesmo para uma vida produtiva e independente.
Sendo assim, o que todo pai e mãe de criança autista precisa
saber é:
1. Onde buscar informação
Como no Brasil ainda existe uma escassez muito grande de
profissionais atualizados e realmente capacitados para lidar com o autismo, os
pais precisam correr atrás de informações e buscar em fontes seguras.
Na internet existe muita informação valiosa e muita bobagem
também! Saiba selecionar a procedência daquilo que leem.
2. A importância de incentivar a independência
Procure sempre maneiras de incentivar seu filho a realizar
tarefas do dia a dia de forma autônoma, tais como se alimentar, vestir-se, usar
o banheiro, tomar banho. No início, faça junto com ele, segurando nas mãozinhas
dele ao executar cada movimento.Depois permita que ele faça sozinho.
Passe tarefas domésticas de acordo com a capacidade da
criança e permita que ela ajude. Isso é muito importante para o desenvolvimento
psicomotor e também para autoestima.
3. Como treinar o aprendizado
Estejam sempre em contato com a escola e os terapeutas que
trabalham com seu filho para que vocês saibam como reforçar o aprendizado.Assim, se ele estiver aprendendo sobre animais, façam uma
visita ao zoológico. Se estiver aprendendo sobre os números, procure maneiras
de praticar esse conhecimento ao fazer uma receita de bolo, e assim por diante.
4. É preciso um tempo para o casal
Permitam-se ter tempo um para o outro. Encontrem esse tempo
para conversar, passear e dedicar-se ao relacionamento de vocês.A harmonia entre o casal é muito importante para a harmonia
da família, e as pessoas com autismo são muito mais sensíveis a esse tipo de
tensão do que as outras.
5. Estabelecer pelo menos uma refeição em família
A família reunida na hora da refeição é muito importante
para a interação, troca de experiências, transmissão de valores. Isso reforça
os laços familiares e é especialmente vantajoso para a socialização da criança
com autismo.
6. Conversar com outros pais
Estabeleçam contato com outros pais de crianças com autismo
para a troca de experiências, informações sobre profissionais e tratamentos ou
simplesmente para desabafar com alguém que está vivendo o mesmo que vocês.Além das associações, as redes sociais são uma ótima maneira
de conhecer pessoas novas.
7. Buscar oportunidades de interação social
Uma das características mais marcantes nas pessoas com
autismo é a dificuldade de interação social. Por isso é muito importante que os
pais não favoreçam o isolamento. Não deixem de participar de casamentos, festas de
aniversário, eventos comemorativos na escola junto com a criança. Isso pode ser
muito difícil e talvez vocês tenham que ir embora muito antes de cortarem o
bolo!Mas, é preciso buscar constantemente oportunidades para a
criança estar em contato com outras pessoas além da família.
8. Trabalhar em conjunto com a escola
Independente da criança estudar em uma escola regular ou de
ensino especializado, sempre se coloquem à disposição para trabalharem juntos
qualquer problema de aprendizado ou comportamento.Essa parceria evita que os pais sejam comunicados somente
nos momentos de crise - que muitas vezes poderiam ser evitados com uma
abordagem correta.
9. Criar estratégias
Mesmo estudando e se informando, ninguém acerta sempre. Todo
pai e mãe comete erros na criação dos filhos.É comum os pais terem a sensação de que, por mais que se
esforcem, não conseguem mudar determinado comportamento ou ensinar algo
específico.É muito importante que os pais tenham condições de conversar
e avaliar o que está funcionando e o que precisa ser melhorado. Além de ter
sempre em mente que a perseverança é a chave nesse processo de evolução da
criança.
10. Procurar bons profissionais
Procure profissionais especializados e com experiência em
autismo.Uma fonoaudióloga pode ser uma excelente profissional, mas
se ela não tiver uma sólida bagagem profissional com autismo, o resultado do
trabalho não será tão efetivo - porque a abordagem a ser utilizada nesse tipo
de paciente é totalmente diferente.E isso se aplica a todos os outros profissionais (psicólogo,
terapeuta ocupacional, psiquiatra, etc.).
A verdade é que a rotina da família nunca mais será a mesma.
Mas, apesar disso, a partir do momento em que vocês começarem a trabalhar para
compreender essa criança especial e para ajudá-la a fazer-se compreender,
encontrarão juntos um novo universo de possibilidades.
E,é muito provável, que vocês cheguem à conclusão que estão
aprendendo muito mais com ela, do que ela com vocês.
Marilia de Andrade Conde Aguilar
Familia.com.br
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