O cientista político e professor da Universidade Federal da
Bahia (Ufba), Paulo Fábio Dantas Neto, entende que o prefeito de Salvador, ACM
Neto (DEM), fez dois movimentos políticos “discutíveis e perigosos” nos últimos
meses.
O primeiro foi tentar se distanciar do Movimento Democrático
Brasileiro, o MDB, após o escândalo que envolveu o ex-ministro da Secretaria de
Governo, Geddel Vieira Lima, e o seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira
Lima. A Polícia Federal encontrou malas com R$ 51 milhões em um apartamento em
Salvador ligado aos emedebistas. A apreensão do dinheiro levou a prisão do
ex-ministro.
Para Paulo Fábio Dantas Neto, é um equivoco do grupo de ACM
Neto querer se afastar do partido, para não ser contaminado pelo caso Geddel.
Nos bastidores, comentou-se que o prefeito poderia até romper com o MDB para
evitar o desgaste.
“É uma erro pela capilaridade que tem o MDB, pela tradição
que o MDB em fazer alianças com o PT. Por causa de um receio de ser visto como
alguém ligado a Geddel, eles deram passos muito afoitos, de querer mudar a
direção do MDB, de querer tirar o pessoal de Geddel. Isso pode ter criado um
problema interno na relação com MDB, que não vejo que seria necessário”,
avaliou o cientista político, em entrevista ao bahia.ba.
“Geddel é uma coisa. MDB é outra. MDB é um partido
estruturado no país. O MDB é o partido mais capilarizado do país. Não se pode
abrir mão de uma estruturada capilarizada, como esta”, pontuou.
Paulo Fábio Dantas Neto disse, ainda, que é preciso “parar
com paranoia” de que a corrupção é hoje o principal problema do Brasil. Esse
discurso, na avaliação dele, tem prejudicado o país, já que outros temas não
têm sido debatidos.
“Isso tem tirado o discurso do DEM, do PSDB, de todos os
partidos que construíram o impeachment. Eles não têm nada a dizer sobre a
política do governo Temer, mas querem todos posar de oposição. Isso é um
oportunismo. A oposição hoje não propõe nada. Essa oposição ligada ao PT só faz
‘dar pau’ no governo e no Judiciário. Os partidos de centro, que deveriam estar
articulados com o governo, só querem posar de oposição, porque acham que vão
perder voto. Não existe proposta alternativa ao que o governo Temer apresenta.
É uma pobreza”, analisou.
O segundo movimento “perigoso” feito prefeito ACM Neto é
tentar emplacar a candidatura do chefe da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM), a presidente da República. Na avaliação de Paulo Fábio Dantas Neto,
seria melhor articular uma unificação entre o PSDB, DEM e MDB, já que “não há
possibilidade de imaginar uma vitória de Maia”.
O cientista político avalia, também, que a aliança entre
esses partidos tornaria mais viável a candidatura da oposição na Bahia. “Ter
uma candidatura de centro [no país] que seja unificadora dessas forças. Esse é
o palanque forte que pode ajudar uma candidatura aqui. Essa pulverização não
ajuda. É, óbvio, que uma candidatura do DEM não ajuda”, pontuou, ao ressaltar o
grupo de Neto terá dificuldades de enfrentar a máquina do governo de Rui Costa (PT)
sem a máquina federal.
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