"Que falta nesta cidade?...Verdade
Que mais por sua desonra?...Honra
Falta mais que se lhe ponha...Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste socrócio?...Negócio
Quem causa tal perdição?...Ambição
E o maior desta loucura?...Usura."
O trecho acima é do poema Epigrama, do escritor, advogado e
poeta baiano Gregório de Matos e é o texto de abertura da representação
protocolada pelos partidos Psol e Rede contra o deputado federal Lúcio Vieira
Lima (MDB-BA) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos
Deputados.
O parlamentar baiano é investigado por supostos crimes de
lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso dos R$ 51 milhões
encontrados em um apartamento ligado ao seu irmão Geddel Vieira Lima no bairro
da Graça, em Salvador.
O colegiado, presidido pelo deputado federal também baiano
Elmar Nascimento (DEM), se reúne às 14h30 desta terça-feira (27) para instaurar
o processo por suposta quebra de decoro parlamentar do congressista. Na sessão,
também deve ser escolido o relator do caso. Na representação, os partidos
lembram que Lúcio Vieira, o irmão Geddel e a mãe Marluce teriam se associado
para "cometer crimes de ocultação de origem, localização, disposição,
movimentação e propriedade de cifras milionárias de dinheiro vivo proveniente
de infrações penais anteriores".
Foi citado ainda no texto o caso em que o
deputado teria recebido R$ 1,7 milhão da Odebrecht, entre 2010 e 2013, para
favorecer a tramitação de projetos de interesse da companhia na Câmara dos
Deputados.Outro fato mencionado é suposta apropriação de até 80% dos salários
de ao menos dois secretários parlamentares de Lúcio Vieira: Job Ribeiro Brandão
e Roberto Suzarte dos Santos. A Procuradoria-Geral da República estima, apontam
os partidos na representação, que nos últimos dez anos, Marluce e Lúcio se
apropriaram de aproximadamente R$ 2 milhões oriundos da remuneração dos dois
assessores
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