“A Escolha de Sofia” é o título de um livro e de um filme, e
é também uma frase que ficou conhecida como sinônimo de uma decisão quase
impossível de ser tomada. Quando alguém precisa decidir entre duas opções
muito, mas muito difícil mesmo de ser escolhida, dizemos que essa pessoa
precisa fazer “ a escolha de Sofia”.
Sofia era uma polonesa judia que foi prisioneira de um campo
de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos horrores sobre esses
campos de concentração já foram escritos e apresentados em diversos filmes, de
todo tipo e gênero. No entanto, a história de Sofia jamais será esquecida, pois
de todos os sofrimentos pelos quais passou e assistiu no campo de concentração
em que ficou prisioneira, houve um que ser humano nenhum jamais deveria passar
e que tornou-se um pesadelo pelo resto de seus dias, atormentando-a cada
segundo de sua existência.
Quem é mãe, quem é pai, e acredito que mesmo os que não o
são, entenderão sua angústia. Sofia era mãe de duas crianças: um menino e uma
menina. Certo dia, no campo de concentração, um soldado pediu a Sofia que
escolhesse qual das crianças ela queria que fosse morta: sua filha ou seu
filho. Ela disse que não poderia fazer esta escolha, de forma alguma. E o
soldado lhe respondeu:
_ Se você não escolher qual dos dois devo matar, então
matarei os dois. Pense bem, você pode salvar um dos dois.
Sofia caiu em desespero, com o coração dilacerado, olhando
para seus dois filhos e tendo que escolher qual dos dois mandaria matar e a
qual daria o direito de viver. Ela não podia fazer isso, não poderia condenar
um de seus filhos à morte! Isso era impossível, era pedir demais a uma mãe!
Diante do impassível soldado, ela olhou para os rostos
desesperados de seus filhinhos que tanto amava e pensou: “Minha menina é tão
frágil, se ela viver, não terá como se defender desses soldados imundos. O que
farão com ela? Coisas horríveis certamente. Já meu menino é mais forte, talvez
possa sobreviver e um dia se tornar um bom homem. Ele tem chance maior de sair
deste lugar”.
Então ela escolheu sua filhinha para ser morta. E o soldado
a matou. E diante do olhar apavorado de Sofia, o soldado tomou o garoto e o
levou embora. Sofia nunca mais viu o menino.
Mesmo depois que a Guerra acabou e Sofia foi salva do campo
de concentração, ela nunca mais teve paz. Seu coração e sua mente lhe cobravam
a todo instante a difícil decisão que tomara. Sua filhinha vira a mãe mandá-la
para a morte e a dor que Sofia viu nos olhinhos da menina, jamais saiu de sua
mente; certamente ela nunca lhe perdoaria pela escolha e nem Sofia jamais se
perdoaria.
Do filho que ela salvara da morte acreditando que teria uma
chance de sair de lá com vida, ela jamais teve notícias. Restou-lhe a eterna
dúvida do que lhe teria acontecido. Teriam levado o menino para experiências?
Estaria ele sofrendo horrores nas mãos daqueles monstros? Salvando-lhe a vida,
ela sem querer o teria condenado a um inferno na Terra?
Sofia nunca teve uma resposta para suas dúvidas; para o
resto de sua vida, este momento a atormentou e seu coração jamais deixou de
sangrar, porque ela jamais quisera passar por tal escolha.
Essa foi “A Escolha de Sofia”, uma história de horror sem
igual, que jamais será esquecida.
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