Na lápide de um dos mais ostentosos e mais antigos mausoléus
do cemitério de Canavierias verifica-se que nesta quinta-feira 25 de agosto
completam-se os 100 anos da morte de Carlito Mueller.
Carlito Mueller, ou João Carlos Mueller, foi um dos muitos
suíços que viveram em Canavieiras durante os 80 anos transcorridos entre as
décadas de 1880 e 1960, e que tinham a ver com o mercado de cacau.
Ele morreu aos 31 anos de idade, de “auto-intoxicação por
occlusão intestinal”, conforme está registrado no livro 11, página 25, termo
462, do Cartório do Registro Civil de Canavieiras.
Por aquele tempo viveram em Canavieiras os suíços Jean
Charles Froehlich, F. Mantel, Jacques Merian, Jacques Mueller, Hermann Braem,
Jean Frederico Mueller, João Carlos Mueller, Henrique Wuethrich, Jacob
Schneider, Jacques F. Manz, Hermann Spiegelberg, Otto Nydegger e outros.
Essa numerosa comunidade suíça vivia em torno do mercado de
cacau, todos eles ligados a Wildbergue & Cia., a maior empresa compradora e
exportada de cacau daquele tempo, ou às suas firmas antecessoras.
Nos anos 1880/90 já florescia em Canavieiras o comércio
cacaueiro, com a instalação aqui da firma C. F. Keller & Cia. e, em
seguida, da Mueller & Cia., duas das antecessoras da Wildbergue. Carlito
Mueller era sócio de seu irmão Jacques Mueller na Mueller & Cia.
Ilhéus, Belmonte e Canavieiras eram as cidades que naquele
tempo centralizavam no sul da Bahia as atividades cacaueiras. “Em 1890
exportava-se já de Ilhéus cerca de 10 mil sacos de cacau e, de Canavieiras, um
pouco mais que a citada quantidade”, registra o livro Notícia Histórica de
Wildbergue & Cia., editado em 1942.
Como no centenário mausoléu de Carlito Mueller, em outras
sepulturas do nosso cemitério também podem ser exumados interessantes fatos
históricos sobre o município de Canavieiras. Afinal, nosso cemitério é de 1892,
e é ali onde foram enterrados nos últimos 124 anos um sem-número de corpos e
retalhos da nossa história.
Texto de Tyrone Perrucho. Colaboraram Nelson Amarelão,
Arenoca e Fernando Reis.