Quem dera. Prefeitas e prefeitos que se sentem acima da lei devem ficar de olho na nova onda do Judiciário baiano e brasileiro, ainda marcado pela impunidade a políticos, muitos deles blindados pelo inexplicável ‘foro privilegiado’. O jogo pode virar. Não se deve esquecer de que é um juiz de 1ª instância na esfera federal, Sérgio Moro, que está passando a limpo o país com a Operação Lava Jato, com apoio da maioria da população brasileira.
O juiz
Roberto Freitas ao afastar o prefeito de Itapebi, por obstrução à Justiça,
nesta quarta-feira (27/4), a pedido do Ministério Público, pode estar abrindo
caminho para que os demais magistrados tomem a iniciativa de desengavetarem os
processos que dormem há anos nas gavetas das comarcas do interior, pedindo
punição para gestores e ex-gestores, frustrando, muitas vezes o trabalho de
promotores de Justiça.
A corrupção é endêmica na política brasileira e tem
raízes e jardim de infância nas administrações municipais, apesar de ocorrer em
menor volume financeiro do que nas esferas estadual e federal, mas o Poder
Judiciário de 1ª instância pode contribuir de forma relevante para começar a
combater o mal pela raiz.Claro que sem o apoio da sociedade e dos eleitores,
essa onda não prospera. Não se trata de podar as árvores, mas de cortar o mal
pela raiz, aplicando a lei, coibindo o crime, tirando os corruptos do poder
(até colocando na cadeia, quando merecerem) e votando consciente.
A decisão
cautelar do juiz Roberto Freitas afastando o prefeito de Itapebi do cargo,
ainda que deva cair no Tribunal de Justiça dentro de pouco tempo, por conta da
engrenagem favorável aos políticos que ainda é regra na Corte (vide o prefeito
de Itabela ainda no cargo apesar de duas condenações de 1ª instância) merece
ser vista pela sociedade regional como um ato em fina sintonia com o momento
político brasileiro. Uma contribuição exemplar no esforço que parte do
Judiciário vem fazendo para passar a limpo este país, a começar por onde a
caneta alcança.
Destaque-se,
claro, o trabalho incansável dos promotores do Ministério Público, estadual e
federal, no combate permanente à corrupção e aos malfeitos que causam danos
coletivos à sociedade.
Mas,
infelizmente, todo esse empenho das autoridades perde a validade quando as
urnas elegem ou reelegem corruptos e ervas daninhas para administrar o dinheiro
público.Enquanto o poder político for alcançado por meio de compra de votos a
democracia brasileira continuará sendo uma farsa encenada pelas instituições a
serviço do capital. Podemos mudar isso qualificando o voto.
Por Geraldinho Alves