Da coluna Tempo Presente, de Levi Vasconcelos, Jornal a Tarde.
A cabruca, o modelo pelo qual os antigos cacauicultores, por desconhecerem técnicas ditas ‘modernas’, plantavam debaixo da mata nativa (quem diria?), virou a salvação da lavoura.
O Inema publicou portaria que permite o manejo da cabruca. Juvenal Maynart (foto), superintendente da Ceplac na Bahia, mentor da ideia, soltou foguetes. Os produtores, sem esperança desde que a vassoura-de-bruxa aniquilou o fruto de ouro, também.
O xis da questão: a portaria permite o manejo da cabruca, o que implica cortar árvores cirurgicamente, fazendo o replantio ao triplo (três para cada uma derrubada), além de tirar as exóticas, como a jaqueira.
A cabruca tinha como grande trunfo a preservação ambiental e isso permanece, com o detalhe: agora, é possível mexer nela legalmente, o que significa dinheiro vivo no potencial de madeira a ser extraída.
Milton Andrade Júnior, presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, diz que o primeiro resultado já se vê: o preço do hectare das áreas de cabruca, antes a R$ 6 mil, pulou para R$ 20 mil, mais que o triplo.
Enfim, as terras voltaram a ser respeitável garantia bancária no momento em que a cacauicultura recupera a produtividade.
O que falta – Milton Andrade Júnior diz que com todos os percalços o cacau ainda é a terceira lavoura da Bahia, só perde para a soja e o algodão. Precisa de investimentos, dinheiro para custeio e saldar as velhas dívidas. Só falta o governo enxergar.
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