
O ano que vem é de eleições municipais em todo o Brasil, sabe-se. Mais uma vez o povo é chamado ao sufrágio democrático, como se costuma dizer, e eu não sei até que ponto isto está certo. Democracia, isto? Vá lá. Quem sou eu para contrariar os que proclamam essa coisa torta que aí está como sendo democracia no sentido legítimo do vocábulo. Mas tenho o direito de enxergar a coisa como ela é. Certo?
Mudando de assunto, mais ou menos no mesmo tom, direi que a bandalheira impera nas administrações municipais, pelo menos em sua grande maioria, mas mesmo assim não será tão difícil a reeleição dos seus reizinhos. O povo fala, fala, fala, mas o que é verdade, sobejamente provada, é que na chamada hora H, sem motivo nenhum que lhe justifique a atitude, mude de rumo e de conversa, bem ligeiro.
Nessa conformidade direi que funciona, com toda a força, a compra de voto sob a figura por demais manjada de “adesões” de vereadores, líderes comunitários, outros do gênero. Ora – adesões? É preciso ser muito ingênuo, ou que outro nome tenha ou mereça, para acreditar nessa conversinha de malandro pra delegado. A coisa tem cara de cifrão, e só a legislação eleitoral é que não tem olhos para ver. Ou faz de conta.
E que outra coisa mais quer dizer centenas de empregos apadrinhados, e com salários bem acima do que ganha o pessoal de carreira? Mas tudo bem. O que é danado é que se trata de gente pra não fazer nada, já porque não tem o que fazer, uns; já porque nada sabem fazer, outros, talvez a grande maioria. A não ser que puxa-saco seja função do ofício público. E aqui eu pergunto: não será isso compra de votos?
Bem. Se nada disso configura aos olhos da lei compra de voto, aí fica muito difícil entender o sentido das palavras. Ou se quiserem, o espírito da lei que institui a compra de voto como crime eleitoral. Particularmente, fico sem entender. Mas, no fim das contas, o caso é que nada há que admirar nas coisas desse país que nasceu torto. Nada! Bem é de ver, tudo aqui se leva a bem; e que Deus um dia se compadeça.
É saber que as prefeituras municipais, pela grande maioria, funcionam à gana da corrupção mais desenfreada, daí os enriquecimentos ilícitos, provados ou ainda por provar. Ao que se segue a reeleição de prefeitos, sem maiores exigências da parte da legislação eleitoral. Digamos, caolha. O povo eleitor, na hora H, deixando o dito por não dito. Do jeito que o diabo gosta. Apressado, em cumprir seu dever democrático.
(*) PAULO ROBERTO é jornalista e professor universitário aposentado e é editor do blog De Olho em Canes.
0 comentários:
Postar um comentário
Regras do site:
Não serão aceitos comentários que:
1. Sejam agressivos ou ofensivos, mesmo que de um comentarista para outro; ou contenham palavrões, insultos;
2. Não tenham relação com a nota publicada pelo Site.
Atenção: só serão disponibilizados no site os comentários que respeitarem as regras acima expostas.
3.Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog Paulo José.
É LEI NO BRASIL – Todo jornalista tem o direito constitucional de revelar denúncias recebidas de fontes anônimas e manter o sigilo sobre elas.