A dona de casa Maria de Jesus* tem duas filhas, de 12 e 14 anos, e casou-se em 2009 com José dos Santos*. O que, para ela, representava um sonho de casamento feliz se transformou em um pesadelo. O marido, além de agredi-la, abusa sexualmente de uma de suas filhas.
O caso de Maria* é uma das cerca de 5.400 ocorrências de violência contra mulheres registradas nas duas delegacias especiais de Atendimento à Mulher (Deam), em Brotas e Periperi, entre janeiro e julho deste ano. Em todo o ano passado, 11.036 ocorrências foram registradas em ambas.
Até o final deste mês, casos como o de Maria* passarão a ser acompanhados de perto por uma equipe de 60 policiais treinados para lidar com situações de violência contra mulheres.
Pelo menos este é o objetivo da Ronda Maria da Penha, que será lançada pelo governador Jaques Wagner na próxima quinta-feira, na Governadoria, às 16h. Na data, a Lei Maria da Penha (11.340/2006) completa oito anos em vigor. "Ela tem medo de denunciar, porque ele disse que vai matá-la e toda nossa família", relatou a mãe de Maria*, a aposentada Antônia de Jesus*, que denunciou o caso ontem na Deam de Brotas.
Funcionamento - A ronda é capitaneada pelas secretarias estaduais de Políticas para as Mulheres (SPM) e Segurança Pública (SSP), com o apoio das prefeituras de Salvador, Feira de Santana e Porto Seguro.
As cidades são as três primeiras contempladas com o projeto. Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), Defensoria Pública e as varas especializadas também estão envolvidos na iniciativa. O foco das rondas são as mulheres que estão sob medida protetiva, segundo explica a titular da SPM, Vera Lúcia Barbosa. A ideia do projeto é prevenir que elas sejam vítimas de novos crimes.
A medida protetiva é concedida pela Justiça às mulheres que estão em estado de risco e determina, entre outros, que o agressor deve manter distância de 100 a 500 metros da vítima, além de não se comunicar com a mulher nem com familiares dela. "Na maioria das vezes, ela recebe a medida protetiva, mas volta a ser agredida, porque o agressor não cumpre. As rondas vão ter essa função de monitorar as vítimas, para que elas tenham proteção", afirma a secretária.
*Nomes fictícios -- Fonte À TARDE
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