Por: Luana Almeida e Alean Rodrigues
Mais 1 milhão de estudantes da rede pública de ensino da Bahia ficaram sem aulas ontem, primeiro dia da greve nacional de professores, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). A paralisação, que segue até amanhã, teve a adesão de 100 mil professores em todo o Estado 30 mil da rede estadual e os demais das redes municipais de Salvador e do interior da Bahia. O período de três dias sem aulas não afetará o andamento do ano letivo, pois a interrupção já está prevista no calendário. Mesmo assim, os estudantes da rede pública dizem não concordar com a paralisação.
É decepcionante ter as aulas suspensas por três dias a menos de uma semana do início do ano letivo. Os alunos da rede estadual já começaram as aulas com atraso, lamenta Amanda Sacramento, 16, aluna do 2° ano do ensino médio do Colégio Estadual Thales de Azevedo, no Costa Azul. Para não perder o ritmo, o aluno do 1° ano do ensino médio da mesma instituição, Eric Souza, 17, resolveu estudar por conta própria na biblioteca da escola. Quando, finalmente, vamos engrenar nos assuntos importantes, somos obrigados a parar. Isso desestimula o aluno, reclama.
Hoje, os professores da rede pública vão se reunir em um ato na Praça da Piedade, às 9h. De acordo com a vice-coordenadora da APLB, Marilene Betros, está prevista a participação de cerca de três mil professores das redes estadual e municipal. Amanhã, a categoria se reúne no seminário 50 anos do Golpe Militar, que será realizado às 9h, no Colégio Central. Também amanhã, em Feira de Santana, os professores sairão em caminhada pelas ruas do centro da cidade. Antes, eles realizam um ato em frente ao Fórum Desembargador Filinto Bastos. Na quinta-feira (20), as aulas serão retomadas.
Se ligue nas reivindicações
A pauta nacional do movimento engloba o cumprimento da lei do piso salarial, a destinação de 75% do valor dos royalties do petróleo e de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, além da votação do Plano Nacional da Educação. Entre as reivindicações locais, destaca-se a destinação de um terço da carga horária dos professores para a correção de provas e preparo de aulas.
Costuma-se pensar que o trabalho do professor termina quando ele sai da sala de aula. No entanto, não é isso que acontece. A aula é só uma parte da jornada de trabalho. O professor precisa de tempo para preparar aulas, corrigir provas e estudar, argumenta a vice-coordenadora da Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Marilene Betros. É preciso lutar para que a carreira seja valorizada e atrativa quanto as demais profissões, acrescentou.
Pais estão na bronca
A adesão ao movimento em Feira de Santana, a 108 km de Salvador, foi de 100%. Cerca de 90 mil alunos estão fora das salas de aula, o que gerou algumas reclamações por parte de alguns pais. Maria de Fátima Silva, que tem uma filha cursando o 2º ano do ensino médio, diz que acha justa a reivindicação dos professores, mas que eles poderiam buscar outras alternativas para serem atendidos.
Tem uma semana que as aulas começaram e agora param três dias. O ano letivo já está comprometido devido à greve ocorrida em 2012 e à Copa do Mundo, agora vêm estas paralisações, reclamou.
Preju também no comércio
A reportagem esteve em algumas escolas públicas de Feira de Santana, na manhã de ontem. No Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand, um dos maiores da cidade, o que se via eram salas vazias. Até as lanchonetes que funcionam em uma praça em frente à unidade estavam fechadas.
A nossa maior clientela são os alunos, professores e funcionários da escola. Como está paralisado, temos que fechar para não ter prejuízos maiores, afirmou Creuza Lima, proprietária de um dos estabelecimentos.
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