O dia de ontem (11) em Buerarema terminou assim: um posto de combustível ameaçado de incêndio, Bancos Brasil e Bradesco destruídos e uma ponte na BR 101 danificada.
Centenas de policiais militares recebem ordens para controlar um protesto de aproximadamente 15 mil habitantes, na cidade que é protagonista dos conflitos de terras desde agosto de 2013.
Segundo informações do repórter da Rádio Difusora, Oziel Aragão, durante o manifesto, policiais civis agiram com spray de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral e foram atingidos por bombas caseiras, pedras e pau, acionadas pelos manifestantes.Pelo menos quatro policiais ficaram feridos por conta dos ataques. Eles foram medicados e passam bem.
Não houve prisões.
Esse é o real retrato de Buerarema após o assassinato do Presidente do Assentamento Ypiranga, Juraci dos Santos Santana, de 44 anos. Ele era presidente da Associação do Assentamento Ipiranga, onde moram 44 famílias há dez anos. O assentamento foi criado em 1998 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Juraci estava em casa com a mulher Elisângela quando um grupo de pistoleiros invadiu o local e disparou várias vezes contra ele. Depois tocaram fogo na casa. A mulher conseguiu fugir com uma filha menor de idade. A delegacia de Buerarema abriu inquérito para apurar o caso. Os proprietários de terras atribuem o crime a “milícias indígenas” que circulam pela região ameaçando fazendeiros, mas até esta terça isso não havia sido comprovado.
Vale lembrar que desde o ano passado, há um processo de ocupação de 300 fazendas numa faixa de 47 mil hectares entre os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema.
Os indígenas se baseiam em laudo da Fundação Nacional de Apoio ao Índio (Funai) que garantiria a posse da área. Mas a demarcação só será definida quando o Ministério da Justiça publicar portaria declaratória sobre o caso.
O documento pode ser questionado no Supremo Tribunal Federal, que dará a palavra final no impasse que já dura oito anos.
A área é de 1,2 mil hectares, e os assentados mantêm lavouras de cacau, banana e mandioca. Testemunhas disseram que Juraci vinha resistindo para concordar em anexar o assentamento à área reclamada.
Atualizada
De acordo com Oziel Aragão há a possibilidade de acontecer uma nova manifestação nesta quarta-feira, em frente ao Ministério Público de Ilhéus. A ação ainda não tem hora para acontecer.
No momento, a cidade de Buerarema está tranquila, mas a população continua apreensiva. A Polícia Militar permanece na Praça Domingos Cabral.
A expectativa, durante toda manhã, se dá por conta da chegada do corpo de Juraci dos Santos Santana na cidade. O corpo poder ser velado na Câmara de Vereadores ou no Ginásio de Esportes do município.
Dez ônibus de sem- terra estão saindo de Ilhéus, sentido Buerarema, para velar o corpo de Juraci.
Cerca de 120 homens das Forças Armadas do Exército Brasileiro estão chegando em Ilhéus, na manhã desta quarta-feira. Eles irão se apresentar no Comando Regional de Ilhéus e logo depois, vão se deslocar para Buerarema.
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